O ato pró-Dilma que foi realizado na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) nesta quinta (17) terminou em confusão entre os estudantes e a Polícia Militar, acionada pela Justiça Eleitoral. Por parte dos estudantes houve denúncias de abuso de autoridade e truculência, já em nota enviada à imprensa, a Polícia destaca que os procedimentos aconteceram dentro da normalidade. A reitoria da Universidade lamentou o ocorrido e tomou as providências em relação ao aluno apreendido.
A reitora da UFPB, Margareth Diniz, não estava no estado em virtude de uma reunião mensal da Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), afirmou que lamenta profundamente o fato e segunda-feira (19) vai saber as providências que o reitor em exercício, Eduardo Rabenhorst tomou. “Espero que não aconteça mais dentro da instituição esse tipo de abordagem”, afirma.
De acordo com o vice-reitor, a polícia foi requisitada pela Justiça Eleitoral e entrou junto para coibir um ato de manifestação eleitoral que para ele, no entendimento da Justiça, se configurou como ilícito. Houve resistência e nesse momento um conflito se instalou entre manifestantes e Polícia Militar.
“O que a Universidade procurou foi obter informações junto à PM, onde existe uma nota que diz que o procedimento foi normal. Primeiro a Universidade lamente algum excesso e a ocorrência desse tipo de situação de modo geral. Ela tomou as providência de se inteirar, procurar a Defensoria Pública da União para atuar na assistência jurídica à pessoa apreendida e também entramos em contato com a Justiça Eleitoral que esclareceu o episódio”, diz.
Para Rabenhorst, o fato foi lamentável, mas ressalta que se houve excesso por parte da Polícia, essa questão tem que ser apurada pela PM e Justiça. “Não podemos entrar nessa esfera”, destaca. “Entramos em contato com o Comando da PM e a nota gerada vai no sentido de que os procedimentos foram dentro da lei e respeito aos direitos humanos e não poso julgar isso”, diz.
O vice-reitor pediu que as pessoas respeitem a lei, já que ela é clara sobre o assunto. “Entendemos que há uma necessidade de discussão e debate, mas sempre respeitando a lei”, afirma.
Já a estudante, Shellen Galdino, uma das organizadoras do evento pró-Dilma, afirmou que o movimento foi algo que surgiu na internet e tinha o intuito de tirar uma foto com os apoiadores no interior da Universidade a exemplo do que já havia sido feito por pró-Aécio, mas que o evento fugiu ao controle, por ser algo espontâneo e culminou com a presença da polícia.
Para Shellen, houve excessos por parte da polícia sim. “Quando estávamos nos concentrando para tirar a foto e sair do Campus, como fizeram vários grupos, já no primeiro turno, uma pessoa subiu no banco da Praça da Alegria fazendo uma intervenção individual e o TRE foi coibi-lo. Ele falou algumas coisas contra o TRE, pediu liberdade e a PM deu voz de prisão. Não entendemos o real motivo. Quando a polícia chegou, jogou spray de pimenta nas pessoas e quando ele (o jovem que estava fazendo a manifestação) já estava sem possibilidade de sair, já estava apreendido, usaram a arma de choque, além de usar em outras pessoas próximas, também professores e funcionários”, denuncia.
A estudante afirmou ainda que na mesma universidade aconteceram atividades para o outro candidato e o TRE em nenhum momento coibiu.
A respeito do estudante apreendido, ela explicou que logo após ir para a sede da Polícia Federal prestar esclarecimentos, ele foi liberado. “Não tinha crime para prendê-lo”, diz. Ela explicou que os professores e manifestantes conseguiram um ‘acordo’, mas que isso não apaga a violência que teve a priori. A estudante também denunciou que um policial chegou a sacar a arma e apontar para algumas pessoas.
“Acreditamos que foi abusivo e vamos fazer um evento. Ainda não sabemos ao certo a data para alguma atividade, mas vamos nos reunir com os professores, a ADUF se reuniu ontem, os funcionários também para pedir um posicionamento tanto da reitoria da Universidade, quanto dos abusos cometidos pela PM”, garante.
O Tenente Flávio do 1° Batalhão de Polícia Militar, afirmou que o objetivo da PM é atuar no policiamento ostensivo e que existe uma portaria além do próprio código penal que fala sobre o uso da força. “Houve verbalização e não foi atendido, para evitar um mal maior ou uso de arma letal foi usado o spray de pimenta que é a base de espuma e atinge somente o alvo determinado”, explica.
Sobre o uso da arma de choque em um dos manifestantes, o tenente explicou que o jovem ‘utilizou de palavras de baixo calão’ e resistiu à voz de prisão, assim como das pessoas que estavam ao seu redor. “A polícia usou a força progressiva para conter a agressão”, justifica.
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Fonte: Marília Domingues - Focando Noticia